PESQUISA OPERACIONAL ("OPERATIONS RESEARCH")
1.1. CONCEITO
1.2.
Não há definição unânime para Pesquisa Operacional (P.O). A P.O é, mais, um conceito
(abstração, idéia), muito abrangente, sobre a busca da melhor utilização (técnica, econômica,
social, política) de recursos (escassos) e processos (diversos), através da aplicação de
métodos científicos, visando a maior satisfação (utilidade, prazer) do cliente (usuário,
público), definidos num contexto (conjunto, totalidade).
O desenvolvimento de um trabalho de P.O envolve equipes multi-disciplinares para a
aplicação dos métodos científicos a problemas reais encontrados nos sistemas de produção
de bens e serviços, como ferramenta auxiliar para a tomada de decisões, em quaisquer
setores e níveis da economia.
1.2. HISTÓRICO
Em comemoração à passagem de seus 25 anos de existência, a Sociedade Brasileira de
Pesquisa Operacional (SOBRAPO) publicou, em 1993, o resultado de uma pesquisa junto a
empresas e instituições brasileiras de ensino, com o objetivo de fornecer um retrato do uso e
do ensino da Pesquisa Operacional em nosso país: SOBRAPO. Vinte e Cinco Anos de
Pesquisa Operacional no Brasil. Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Pesquisa
Operacional, 1993. 139 p. (Edição Comemorativa).
Nos anos 50, professores da USP, ITA e PUC-RJ, com formação no exterior, criaram os
primeiros cursos de graduação que incluíam disciplinas de P.O, como o de Engenharia da
Produção, e que foram incluídas também em outros cursos, já existentes, como os de
Economia, Engenharia, Matemática e Estatística.
A partir de
primeiros computadores multiplicaram as possibilidades de sua aplicação. Várias empresas
começaram a utilizar a P.O, estreitando um proveitoso relacionamento com as
Universidades.
O primeiro exemplo desta relação foi o da PUC-RJ com as empresas SOCIL e Anhanguera,
para o desenvolvimento de programas de minimização de custo de rações para animais,
através de Programação Linear.
Mas os principais setores a empregar técnicas de P.O, na época, foram os de siderurgia
(CSN, Cia. Vale do Rio Doce), eletricidade (Cia Nacional de Energia Elétrica), transportes
(FRONAPE), petróleo (PETROBRÁS, ESSO) e telecomunicações, além de grandes
projetos e obras estatais.
Em função disso, foi criada, em
(SOBRAPO).
A década seguinte consolidou a P.O, no Brasil, com o maior interesse das empresas e o
maior contingente de profissionais habilitados na área, permitindo a formação de grupos
próprios de P.O, visando a solução de
problemas táticos e o planejamento estratégico, naquelas empresas.
Em
(SEPOAGRO), em Campinas (S.P.), sendo o segundo realizado em Viçosa dois anos depois.
Nos anos seguintes, embora consolidada, a P.O aplicada ao planejamento estratégico de
empresas perdia o sentido frente à situação imprevisível da economia nacional. Ao mesmo
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tempo, no entanto, houve grande incremento do instrumental científico, com o
desenvolvimento de softwares e dos microcomputadores.
Profissionais da área, citados na edição comemorativa dos 25 anos da SOBRAPO (1993),
acreditam que a P.O ganha um novo impulso, nesta década, nas áreas de administração
(tomada de decisões), visando a qualidade dos processos de produção e atendimento
(serviços, desenvolvimento de linhas de produtos, comercialização e marketing).
1.3. PESQUISA OPERACIONAL - PO NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas (SP)
Desenvolve, desde 1975, aplicações de modelos de simulação no planejamento de recursos
hídricos (Faculdade de Engenharia Civil) e de P.O na agricultura, formando um grupo de
consultores independentes (UNISOMA) e vários convênios com empresas como a
PETROBRÁS, ELETROBRÁS, TELEBRÁS e IBM, dentre outras.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (SP)
Criou cursos de pós-graduação, a partir de 1978, em várias linhas, dentre elas: o
desenvolvimento de softwares, pesquisas relacionadas à inteligência artificial e P.O
(otimização combinatória, aplicada em áreas da Coordenação de Observação da Terra,
processos estocásticos e simulação). Utiliza os resultados destas pesquisas, por exemplo, em
trabalhos de roteamento de distribuição de água para comunidades do Ceará (Governo do
Estado), estudos de confiabilidade do primeiro satélite brasileiro, por meio de simulação, e
otimização dos processos de operação de fábricas de circuitos impressos.
ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica (SP)
Desde 1961, mantém cursos de pós-graduação em Engª da Produção e, a partir de 1973, em
P.O., desenvolvendo processos estocásticos e planejamento da produção aplicados às áreas
de planejamento energético, transportes aéreos e planejamento da produção de empresas,
como a EMBRAER.
IME - Instituto Militar de Engenharia
A P.O é parte do curso de Engª de Sistemas. O Instituto relaciona-se com a Marinha, o
Exército e com diversas empresas, aplicando suas pesquisas em projetos nas áreas de
comunicação via satélite, problemas de localização e de roteamento (otimização) e de
qualidade em sistemas (gestão
USP - Universidade de São Paulo (SP)
Mantém cursos de P.O em nível de pós-graduação desde a década de 60. Os principais
núcleos de P.O estão na Escola Politécnica (Departamento de Engª da Produção, Engª Naval
e Engª de Transportes), Faculdade de Economia e Administração e Instituto de Matemática e
Estatística (Centro de Computação e Matemática Aplicada). Relaciona-se com empresas
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como a INFRAERO, MARINHA, DERSA e DOCAS, além de atuar junto aos mercados
financeiros e Bolsa de Valores (bolsa de mercado futuro, através de simulação, cenários e
análises de risco).
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ)
A COPPE (Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia) criou o Programa
de Engª da Produção em 1967, com as áreas de Gerência da Produção e de Pesquisa
Operacional. Os Programas de Engª de Sistemas, Computação, Administração, Engª de
Transportes e o Instituto de Matemática também incluem a P.O. . As áreas de
concentração teórica destes grupos são: programação matemática, grafos, combinatória,
aplicações estatísticas, simulação, otimização, ciências da computação (desenvolvimento de
softwares e algorítmos). A COPPE relaciona-se com diversas empresas públicas (Telerj,
Cepel, governos estaduais) e privadas (IBM). Sua contribuição teórica ao desenvolvimento
da P.O pode ser atestada pelo número de Teses defendidas (331, até 1992).
PUC - Pontifícia Universidade Católica (RJ)
Inclui a P.O em seus cursos de Engª Industrial, Engª Elétrica, Informática, Engª da Produção
e de Sistemas. As aplicações estão nas áreas de finanças (análises de investimentos de risco e
mercado de capitais), gerência da produção (logística, localização, planejamento empresarial
e controle de qualidade) e na área de transportes (redes, planejamento de operações).
Desenvolve os aspectos metodológicos, como a modelagem, para problemas de grande porte,
na área de programação matemática, bem como estudos de previsão (redes neurais), de
análise de séries temporais e de inteligência artificial nos processos de decisão. Relaciona-se
com diversas empresas, como a PETROBRÁS, Cia. Vale do Rio Doce, DATAPREV, MBR,
Estaleiro Mauá, Rede Globo, Bamerindus e Brahma.
UFV - Universidade Federal de Viçosa (MG)
A P.O desenvolveu-se, a partir dos anos 60, com a criação da disciplina de Programação
Linear a cargo do Departamento de Matemática, no curso de mestrado
Com a aquisição do primeiro computador, na década de 70, disciplinas de Programação
Linear e Não-Linear foram incorporadas também a outros cursos (Engª Florestal, de
Alimentos, Engª Agrícola e de Zootecnia). Nos anos 80, foi criado o curso de graduação em
Informática e novas disciplinas de P.O foram incluídas nos diversos cursos de graduação. A
UFV desenvolveu sistemas de Programação Linear e Otimização em Redes(PROL, PROLIN
- para microcomputadores, e REDE) para aplicação em problemas de localização, tipo e
tamanho de baterias de fornos para carvão vegetal, planejamento florestal, avaliação genética
de espécies, gerenciamento de laticínios e para atividades de controle na central de
processamento de dados, dentre outras.
Outras Universidades
Muitas outras Instituições brasileiras mantêm cursos de graduação e de pós-graduação em
que as aplicações das técnicas de P.O são enfatizadas. É o caso da U.F. de Juiz de Fora, que
criou o Grupo de Estudos de Simulação, que atua em análises de impacto por simulação; o
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Núcleo de Pesquisas Econômicas, atuando em análises e previsões da produção industrial de
M.G., através de séries temporais. A Faculdade de Engª Elétrica desenvolve com a
EMBRAPA softwares para a agropecuária e um projeto de informatização da pecuária
leiteira (técnicas de análise de Cluster; para classificar dados de questionários, entrevistas e
bases de dados da EMBRAPA).
A U.F. do Ceará atua junto a diversas empresas de petróleo, energia, telecomunicações e
siderurgia, dentre outras. Na área de alimentos, desenvolve com a FRUTOP um sistema de
otimização da produção, atualizando o modelo através da geração de dois cenários mensais,
visando determinar a alocação de máquinas, quantidade matéria-prima, dimensionamento e
divisão da mão-de-obra, por turnos e por máquina, e planejamento da produção, por produto
e por máquina.