24 julho 2009

Apostila de Geografia do Brasil - o processo de industrialização nacional

,

DOWNLOAD

 

Em 1889, a população brasileira aumentara par a14 milhões de

habitantes, ainda concentrados na faixa costeira; O

intercâmbio comercial alcançou 50 milhões de libras; e 9000

km de ferrovias e 1000 km de linhas telegráficas conectaram

a região costeira, fortalecendo a estrutura espacial em

arquipélago”, com uma grande concentração de infraestrutura

na “ilha” da região cafeeira.

! Aparelhada comercial e financeiramente, a lavoura do café se

constituiu num complexo agro-exportador, gerando uma

burguesia cafeeira.

! A Primeira República (1889 a 1930) se caracterizou como a

“República dos Coronéis”, isto é, dos latifundiários com grande

poder local, mas sob a hegemonia de São Paulo e Minas Gerias;

! Neste período, inicia-se um processo de “globalização” da

economia-mundo sob a hegemonia dos EUA. As diferentes

Geografia do Brasil – Sandra Costa

2

partes do planeta foram incorporadas de modo diverso, de

acordo com as circunstâncias históricas de cada área;

! O Brasil manteve e reforçou seus laços com a economia-mundo

consolidando seu capitalismo industrial nacional com a maior

participação do Estado, que veio exercer um crescente

controle sobre o mercado interno.

! Na 1a metade do séc. XX, a economia brasileira continuou

dominada pelo complexo agro-exportador cafeeiro, que

solicitou crescente intervenção para sua proteção. Após 1930,

o Estado começou também a planejar o desenvolvimento

industrial. Além disso, a consolidação do território nacional

transformou-se num crescente recurso simbólico para a

legitimação do Estado.

! Depois da 2a Guerra Mundial, os Estados Unidos adquiriram

influência definitiva na América Latina. O Brasil posicionou-se

na economia-mundo através de um processo de

industrialização politicamente dirigido, através de uma

estreita parceria entre o CAPITAL MONOPOLISTA

Geografia do Brasil – Sandra Costa

3

ESTRANGEIRO, O CAPITAL ESTATAL E O CAPITAL

PRIVADO NACIONAL => FAMOSO MODELO TRIPÉ

! A economia exportadora foi a forma de incorporação do Brasil

no emergente capitalismo monopolista mundial do final do séc.

XIX (formação de empresas exportadoras, estabelecimento

de infra-estrutura, promoção de imigração);

O CONTROLE DO TERRITÓRIO

! Na 1a República começou a se alterar o significado do

território: ele passou a ser utilizado como instrumento de

legitimação do Estado e precondição para a unidade nacional,

sendo realizado por meio das atividades diplomáticas e

militares. Assim, a estratégia diplomática foi essencial na

consolidação dos limites setentrionais.

! Em 1891, teve início uma série de negociações para a definição

dos limites nacionais envolvendo a Amazônia, face ao valor que

a borracha adquiriu na balança comercial do país;

 

A geografia no Brasil nos últimos anos do Império

,

DOWNLOAD

 

Geography at the empire´s last years

CRISTINA PESSANHA MARY

 

Departamento de Geografia – UFF

 

RESUMO: Com o presente artigo busca-se compreender o significado da geografia nos últimos anos do Império. Para tal,

concentramos nossa atenção no funcionamento da Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil, na sua composição

social e, sobretudo, na análise do periódico editado por essa filial. Durante os anos em que circulou, entre 1881 e 1886, e

acompanhando as sucessivas diretorias da Seção, a linha editorial da Revista da Sociedade de Geografia de Lisboa no

Brasil alterou-se ao sabor de perspectivas diferenciadas para a geografia, dentre elas, a aspiração portuguesa de engajar o

Brasil nas disputas pelo continente africano. Todavia, a nova conjuntura política republicana terminou por inviabilizar o

projeto luso de um Brasil como continuidade ibérica, esvaziando de sentido a própria Seção.

Palavras-chaves: geografia; revista de geografia; significado da geografia.

ABSTRACT: This paper is pursuing the meaning of geography throughout the empire’s last years. To achieve that we

focused both on the performance of the Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil concerning its social structure,

and, particularly on the analysis of the periodicals published by this branch. From 1881 to 1886, the span of its distribution

and, along with the successives Section’s board of directors, one can notice that the editorial profile of the Revista da Seção

da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil, has experienced a change, led by differents perspectives for geography,

among them, the Portuguese aspiration to involved Brazil into the quarrels for Africa. The new republican political

circumstances, however, ended up by thwarting the Portuguese project where Brazil would be seen as an Iberian extension,

voiding therefore the very role of the Section.

Key words: geography society; geography magazine; meaning of geography.

 

Introdução

 

Este artigo se constitui em contribuição ao estudo da geografia no Brasil de fins do Império. Concentramos

nossa atenção na Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil, procurando avaliar

seu significado, desde sua criação, em 1878, até 1888, quando se obteve notícia de sua última diretoria.

Tal proposta, aparentemente simples, ganhou ares de intrincada trama, quando focalizamos o Rio

de Janeiro na década de 1880. Naquele momento, a cidade parecia respirar geografia, abrigando, além

da Seção, mais dois institutos similares, ambos carregando em seus nomes a denominação “geografia”,

a saber, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), criado em 1838, e a Sociedade de Geografia

do Rio de Janeiro1 (SGRJ), de 1883.

Movimentando esse quadro, a profunda cisão no interior da própria Seção da Sociedade de Geografia

de Lisboa no Brasil, em 1881, quando um grupo abandonou a associação, inconformado com o

veto de Lisboa à tentativa de transformação da própria Seção em outro grêmio, de cunho nacional.

O interesse pela geografia naquele período não era incomum. Nesse último quartel do século

XIX, inúmeras sociedades geográficas, como os institutos da Corte, animavam as capitais européias,

ganhando força também na América Latina. Desde a década de 1960, estudos realizados sobre institutos

REVISTA DA SBHC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 156-171, jul. | dez. 2005

157

como os de Paris, Londres, Espanha, na sua maioria, apontaram a sua funcionalidade no quadro das

ambições expansionistas dos Estados nacionais europeus2.

Esse foi o caso da própria matriz da Seção, a Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL)3. Tal organização,

criada em 1875, por um grupo de intelectuais, esteve à testa do movimento colonialista

português, quando não se mediram esforços em prol da manutenção dos territórios africanos, percebidos

como garantia para um futuro de grandeza para a nação portuguesa4.

A política colonial, entretanto, não explica a existência desses estabelecimentos em áreas como a

América Latina. Tomá-los apenas como agentes do imperialismo seria desconhecer o seu papel na

formação de identidades nacionais das ex-colônias.

Pesquisas voltadas para os institutos de geografia da América Latina salientaram o seu peso nas

políticas de cunho nacional. Assim, Leôncio Lópes-Ocón5, ao comparar os institutos do gênero no

Peru, Bolívia, México, Costa Rica e Argentina, mostrou sua importância como instrumentos de organização

desses espaços nacionais.

No Brasil, é voz corrente nas ciências sociais o papel da história e da antropologia na composição

de um rosto para a nação. Nos limites da realidade brasileira, a ligação entre a história e a construção

da nacionalidade não escapou aos que se debruçaram sobre o IHGB6.

Entretanto, acreditamos que a geografia não fez por menos. Pesquisas mais recentes sobre a SGRJ7

também apontam para a vinculação da geografia com o projeto nacional. Neste estudo, comungando

com tal hipótese, esperamos compreender melhor a articulação entre o significado da geografia no

Brasil em fins do Império e a política nacional.

O estudo da geografia na cidade do Rio de Janeiro, em fins do século XIX, tinha um gosto diferente,

apimentado tanto pela questão da inusitada proliferação de grêmios em uma mesma cidade, quanto

pela cisão no interior da Seção. Afinal, se a geografia esteve atrelada a um projeto para a nação, como

pensa a historiografia, cabe responder o que então separava os institutos e qual a razão da divisão no

interior da Seção.

Acredita-se que a origem dessa multiplicação de grêmios esteja calcada nas divergências quanto

à concepção de geografia nacional, mais precisamente quanto à idéia de nação. Não se descurou, no

entanto, de outras possibilidades, relativas às questões que sacudiram o Império nos seus momentos

finais, como o abolicionismo e o movimento republicano.

Sendo assim, na busca de um enredo coerente para essa história e levando-se em conta que a

filial da Sociedade de Geografia de Lisboa constituiu-se como ponto de interseção de várias tradições

de geografia, procedemos ao exame do periódico publicado por essa associação. Nesse processo de

interpretação, no entanto, foi necessário ultrapassar o texto da Revista, pois, em muitos casos, o nexo

das geografias só se fez nos fios da memória e das biografias daqueles que nela escreviam, agentes da

política em primeira instância.

A Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil

Reunidos na legação de Portugal no Rio, então residência do visconde de São Januário, vindo ao Brasil com

as instruções e credenciais necessárias fornecidas pela Sociedade de Geografia de Lisboa, 14 sócios correspondentes

dessa Sociedade, dentre barões, viscondes, generais e doutores, constituíram a Seção na cidade do Rio de Janeiro8.

No discurso proferido durante a reunião de criação da Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa

REVISTA DA SBHC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 156-171, jul. | dez. 2005

158

no Brasil, o visconde de São Januário9, em clara alusão às aflições acerca das disputas colonialistas no

continente africano, afirmou o desejo de Portugal de não ficar atrás no “certame em que se empenhava

o mundo civilizado” [...] “o grande movimento europeu para as grandes descobertas em África onde os

problemas sociais e científicos poderiam encontrar sua verdadeira solução”10.

Suas palavras revelaram os objetivos da matriz em Portugal, preconizando “a exploração portuguesa

em África”, missão em andamento tendo em vista o fato de que alguns associados já estavam “percorrendo

esse vasto continente, empreendendo importantes trabalhos de descobertas e reconhecimentos,

estudando principalmente as relações dos vastos sistemas hidrográficos ocidentais e

orientais da África equatorial e austral”.

Abordando a iniciativa do rei Leopoldo II11, da Bélgica, na tarefa de “abrir o continente africano à

civilização européia e de extinguir o tráfico da escravatura”, o cônsul reconheceu ser essa uma tarefa

gloriosa e concluiu ser indispensável para Portugal aumentar o número de expedições, tendo em vista

os fins enumerados.

Escorado em argumentos acerca do universalismo da ciência na batalha do progresso, capaz de

irmanar sócios de nacionalidades diferentes, verdadeira preleção acerca dos benefícios advindos da

participação da Sociedade de Geografia de Lisboa na política colonial portuguesa de manutenção dos

territórios africanos foi destilada.

O visconde anunciou ainda a criação, por Portugal, de um fundo africano destinado a promover

explorações naquele continente. Para fomentar tais iniciativas, prosseguiu, a Sociedade de Geografia

de Lisboa “resolveu organizar seções nas localidades onde houvesse mais de vinte sócios”. De forma

vaga, concluiu que as seções deveriam executar “todos os trabalhos relativos ao fim que se tem em

vista, a sua publicação para utilidade pública e a coadjuvação recíproca”12.

A cooperação13 proposta por Januário foi de imediato aceita entre os presentes, elegendo-se logo

a seguir, por aclamação, o primeiro presidente da instituição recém-criada, o senador Cândido Mendes

de Almeida14. Os demais membros da diretoria foram eleitos: Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire

Rohan15 e o visconde de Borges Castro no cargo da vice-presidência, enquanto Francisco Maria

Cordeiro16 e o barão de Teffé17 figuraram como primeiros secretários.

Durante os seus três primeiros anos de vida, a Seção esteve em função da sua própria organização

administrativa, envolvida com a redação e aprovação dos estatutos, regimento interno, firmando a sua

estabilidade. No mais das vezes, os trabalhos da Seção se limitaram às comunicações do senador Cândido

Mendes de Almeida sobre as novidades geográficas e o movimento civilizador das expedições

geográficas; nesse tempo, houve apenas uma conferência do barão de Teffé e uma leitura do tenente

J. M. Albuquerque Bloem18.

O quarto ano (1881) foi, todavia, marcante: se, por um lado, realizou-se a visita do festejado

explorador português Alexandre de Serpa Pinto19 e o lançamento da Revista da Seção, por outro houve

o cisma entre os grupos que sonharam com um grêmio nacional e aqueles que permaneceram fiéis à

proposta inicial, mantendo a Seção apenas como filial de Lisboa. O episódio em tela culminou com o

fracasso da iniciativa e um saldo de divisões entre aqueles que recuaram de seus intentos, após a

reação negativa de Lisboa diante do projeto, e os associados que a deixaram para, dois anos mais tarde,

finalmente, tornar efetiva a criação da SGRJ20. No entanto, em 1883, a Seção retomou seu curso –

sessões de honra voltaram a ser organizadas.

Os signatários da ata de criação da filial compunham um grupo bastante uniforme quanto à

posição social: quase todos pertenciam à elite fluminense21, variando quanto ao título nobiliárquico,

REVISTA DA SBHC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 156-171, jul. | dez. 2005

159

patente ou armas; constando dentre eles, a exemplo do visconde de Mattosinhos22, Emílio Zaluar23 e

Boaventura Gonçalves Roque24, personalidades da colônia portuguesa radicada no Rio.

A formação profissional de grande parte do grupo fundador também não se distanciava daquelas

predominantes entre membros da elite do Império. Assim, a medicina se fez representar pelo barão de

Ramiz25; a engenharia, por militares como o visconde de Beaurepaire Rohan, e, por fim, as “gentes do

direito”, como a destacada figura do senador Cândido Mendes, bacharel em ciências jurídicas e sociais.

No âmbito dos demais associados, encontra-se um espectro largo de opções ideológicas, como o

abolicionismo de Ângelo Agostini26; o pensamento de Ramalho Ortigão, manifestamente favorável à

continuidade da escravidão27; as tendências liberais de André Rebouças28; o catolicismo dedicado de

Cândido Mendes de Almeida, filiado ao partido conservador; o monarquismo convicto de Carlos

Maximiano Pimenta de Laet29 e o pragmatismo do barão de Teffé, prestando serviços tanto ao Império

quanto à República.

Em 1881, a Seção tinha ampliado seus quadros, chegando a contar com cerca de 179 sócios. Mais

de um terço de seus membros transitou também no IHGB e na SGRJ.

O sucesso da Seção parecia repetir o de outras instituições. A grande adesão a estabelecimentos

do gênero muitas vezes revelava o anseio por trocas de experiências e negócios30, não se podendo

ignorar a utilidade desses grêmios no âmbito das relações clientelísticas, tão presentes na Corte imperial.

Como as suas congêneres, a Seção era um instituto fortemente atrelado a D. Pedro II, não por acaso seu

protetor e sócio honorário. De “Sua Majestade” dependiam nomeações, títulos de nobreza etc.

A listagem dos filiados da Seção em 1885 incluiu nomes como Machado de Assis e Benjamin

Constant, o que só fez confirmar o prestígio e o perfil eclético da Seção e, possivelmente, de sua geografia.

A elite fluminense – grupo diversificado, se pensarmos nas suas atividades, interesses científicos e

perfil político – aninhava-se em organizações como a Seção, para além de suas ambições pessoais,

pois tinham planos para o país.

Para entender o significado da geografia e seu sentido frente à política de fins do Império, será

preciso analisar a Revista publicada pela Seção.

A Revista da Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil

Ao longo do período em que circulou, a estrutura da Revista pouco mudou, ainda que as diretorias31

variassem. A coleção de periódicos intitulada Revista Mensal da Seção da Sociedade de Geografia de

Lisboa no Brasil (RSSGL), lançada pela Seção em abril de 1881, teve sua edição interrompida durante

todo o ano seguinte, para ser retomada em 1883, mantendo-se com certa regularidade até o início de

1886, ano da última publicação de que se tem notícia.

Atingindo em média dois números anuais, não fez jus à denominação ‘mensal’. Assim, em setembro

de 1885, quando se inicia a segunda série, essa palavra foi suprimida de seu título. Freqüentemente,

palestras e artigos eram publicados em partes, de modo a render vários números, distribuídos por

diferentes fascículos. Ao final de um período – delimitado provavelmente em função de decisões

acertadas no âmbito da redação com objetivos de se programarem novas diretrizes à Revista – obtinhase

a série. Nesse caso, tivemos duas séries: a primeira, composta das revistas editadas entre 1881 e

fevereiro de 1885, e a segunda, com os fascículos publicados de setembro de 1885 até janeiro de 1886.

Sobre os assinantes e leitores do periódico, pouco se apurou: havia um público garantido, formado

REVISTA DA SBHC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 156-171, jan. | jun. 2005

160

nas bibliotecas pertencentes aos grêmios, como também aqueles com os quais a Seção fazia permuta

de exemplares – ou seja, os próprios filiados da Seção ou a estes relacionados. Certamente, a imperatriz

Teresa Cristina foi umas das leitoras, pois a coleção encontrada no IHGB, uma série especial, com capa

de luxo, pertenceu à personalidade em questão.

A partir da segunda série e, aparentemente, acompanhando a própria sofisticação da Seção, que

passou a se organizar em subseções, houve a inclusão de resumos em francês dos artigos, ao fim de

cada fascículo. Atribuímos a inclusão desses resumos às pretensões de se obter um alcance maior para

a Revista; afinal, a Seção publicava notícias de sociedades de geografia francesas, traduzindo seus

artigos, e com elas trocava publicações.

Via de regra, cada periódico se compunha de “Notas da Redação” ou “Declaração”, apresentando,

comentando, prometendo regularidade, ineditismo e novos fascículos, funcionando, assim, como

pronunciamento da equipe de redação sobre a Revista; “Sumário”; artigos; seção intitulada “Crônica

Geográfica”32, contendo inúmeras notas sobre temas do movimento geográfico mundial e, ao final, o

“Expediente”, indicando usualmente publicações recebidas pela Seção ou por ela enviadas para outras

instituições, a incluir por vezes comentário bibliográfico.

Não fugindo ao ecletismo da geografia – generosa mãe, sempre disposta a abraçar todos os temas

– as discussões e artigos apresentam um amplo leque temático, versando sobre assuntos aparentemente

tão díspares quanto a adoção de um meridiano único, a fauna e a flora brasileiras, a glótica, o tupi,

a construção do Canal do Panamá, escavações de cidades na Babilônia, múmias no Egito etc.

Poucas foram as vezes em que se contou com ilustrações, à exceção do relato da expedição de

Ladislau Netto33, quando foram reproduzidos desenhos do autor. Somente em alguns raros momentos,

quando da inclusão de atas de reuniões extraordinárias tratando de posse de diretorias, homenagens a

expositores convidados, como também em algumas crônicas, consegue-se entrever os bastidores da

Seção. Nas suas linhas gerais, os pronunciamentos da Redação são comedidos e escassas são as transcrições

de opiniões.

A rigor, considerando-se somente os títulos listados nos sumários das revistas, não se detectariam

alterações passíveis de serem consideradas como fases distintas do periódico, sob qualquer

aspecto; afinal, os temas parecem estar distribuídos de forma a contemplar os objetivos explicitados

quando da criação da Seção portuguesa: engajamento no movimento geográfico mundial, fundamentalmente

a exploração do continente africano, e dados relativos ao território brasileiro.

Entretanto, ao olharmos com mais atenção a distribuição dos temas, tendo em vista a região

abordada e as diretorias da Seção e da Revista, conseguimos demarcar três fases.

Na primeira delas, relativa a 1881, com o Barão de Teffé na presidência do grêmio e Fernando

Mendes como redator em chefe34, metade dos títulos focalizou o Brasil, enquanto os demais pontos do

índice se distribuíam entre África, América Latina e demais partes do mundo (Gráfico 1).

 

 

O Pregador Copyright © 2011 | Template design by O Pregador | Powered by Blogger Templates