29 julho 2009

Gestão da produtividade nas empresas

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1.                             Gestão da produtividade nas empresas

2.                              

No Brasil, a gestão da produtividade nas empresas vem se tornando cada

vez mais crucial em um ambiente de crescente abertura externa e globalização

dos negócios.

Atualmente, sem produtividade ou sem a eficiência do processo produtivo,

dificilmente uma empresa vai ser bem-sucedida ou até mesmo sobreviver no

mercado. Dado o acirramento da concorrência, a gestão da produtividade está se

tornando um dos quesitos essenciais na formulação das estratégias de competitividade

das empresas.

Este artigo tem dois objetivos: indicar e problematizar os procedimentos básicos

relativos a esse tipo de gestão e argumentar que, atualmente, o conceito relevante

para orientar esses processos é o de produtividade sistêmica.

 

Procedimentos básicos

A gestão da produtividade incorpora basicamente três

procedimentos:

a medição da produtividade;

a identificação e a análise dos fatores determinantes

dos gargalos de produtividade;

a definição e aplicação de propostas de superação

desses gargalos.

Aparentemente, esses processos são logicamente

triviais. No entanto, é possível problematizá-los.

Tradicionalmente, a produtividade vem sendo percebida

mais como uma medida de eficiência do processo de

produção do que do processo produtivo de uma empresa.

É ainda comum a visão de que o processo produtivo de

uma empresa se restringe ao seu processo de produção.

Essa visão não capta a realidade de que esse processo

é apenas uma das etapas do processo produtivo de uma

empresa. Além da produção, o processo produtivo

contempla mais duas etapas: uma delas se refere à compra

de bens e serviços intermediários de outras unidades

produtivas; a segunda é relativa à venda dos bens e serviços

que a empresa produz.

Nesse contexto, o processo de produção da empresa se

limita à transformação física de bens e serviços

intermediários em bens e serviços produzidos pela empresa.

r e v i s t a FA E B U S I N E S S , n.3, set. 2002

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Já o processo produtivo de uma empresa se refere à sua

capacidade de gerar “produto” ou de agregar valor. A

agregação de valor nesse processo vai além da produção,

pois depende também de como e em que condições a

empresa compra bens e serviços intermediários e

efetivamente vende os bens e serviços que produz. Por

exemplo, se a empresa produz mas não vende tudo o que

produziu e acumula estoques indesejáveis, também não

efetiva o valor adicionado correspondente a esses estoques.

O conceito de produtividade restrito ao processo de

produção aparentemente é mais adequado à avaliação da

eficiência de desempenho de empresas que

atuam em “mercados cativos”, ou seja, em

mercados de compras e vendas

relativamente fechados à concorrência e

com maior grau de controle por parte da

empresa. Esse conceito também tende a

enfatizar a importância dos recursos de

produção tangíveis (máquinas, instalações,

quantidade de matérias-primas e de trabalho,

etc.) no processo produtivo da empresa.

Além disso, a partir desse conceito, as

relações entre produtividade e lucratividade – o motum da

empresa – dificilmente podem ser diretamente estabelecidas.

Com base nesse conceito de produtividade, os aspectos

mais relevantes para o desempenho empresarial tornam-se

centrados no processo de produção e, portanto, a eficiência

do processo produtivo passa a ser determinada e medida

fundamentalmente pelos seus aspectos operacionais.

Nesse caso, a medição da produtividade – a

capacidade da empresa gerar “produto”1 – é feita

principalmente por indicadores de natureza físicooperacional,

por exemplo, X unidades de bens e serviços

por unidade de tempo, produção física por número de horas

trabalhadas, entre outros. Quando os bens e serviços

produzidos pela empresa não são fisicamente homogêneos,

esse método de medição possui limitações, pois, nessas

condições, é impossível a agregação desses bens e serviços

em uma única quantidade física total de bens e serviços

produzidos pela empresa.

De forma coerente com esse conceito e sua forma de

medição, a identificação e a análise dos fatores

determinantes dos gargalos de produtividade – o

segundo procedimento para a gestão da produtividade –

tendem a se restringir ao “mundo” da produção, com

conclusões do seguinte tipo: gargalos de set-up, de

eficiência/ineficiências tópicas da linha de produção, de

defasagem tecnológica dos equipamentos, de desempenho

da força de trabalho, etc.

Esse tipo de análise é de extrema importância, mas, como

é fundamentalmente restrita ao processo de produção, pode

não ser suficiente para avaliar todos os

gargalos de eficiência ou produtividade do

processo produtivo da empresa.

Ainda com coerência metodológica, esse

tipo de medição e análise da produtividade

leva a definições e aplicações de

propostas de superação de gargalos

– o terceiro procedimento para a gestão

da produtividade – que também tendem a

ser restritas ao mundo da “produção”: 5S,

Ferramentas da Qualidade, Gestão de

Conflitos, Manutenção Produtiva Total-TPM, etc. Essas

ações são importantes, mas também podem ser insuficientes

para superar todos os gargalos de eficiência do processo

produtivo da empresa.

 

 

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