1. Introdução
A gerência da qualidade não é um departamento ou uma pessoa isolada, mas todo o sistema da empresa - somos todos nós com nossos órgãos e funções que fazemos a qualidade. Assim não existe um departamento que trate da qualidade dos serviços de construção, dos materiais, das pessoas, etc., mas é cada setor que verifica se as entradas do seu micro sistema (os materiais, a mão-de-obra, os equipamentos, etc.) e os serviços estão sendo executados conforme o planejado e os padrões de qualidade previamente traçados pela empresa. É o que afirma Meseguer (1991, p. 17) quando explica que em todo processo de produção e na construção civil, o controle de qualidade se organiza através de um mecanismo duplo de ação, articulado entre si e constituído pelo controle de produção e controle de recepção.
Controle de produção visa fiscalizar e verificar o nível de qualidade dos serviços e materiais que estão sendo processados naquela etapa, enquanto que no controle de recepção, a qualidade controlada está relacionada aos insumos que chegam àquela etapa da produção, formando assim uma cadeia de CP e CR até se chegar ao produto final – a obra concluída.
Mas qual o conceito mais abrangente da qualidade? Não creio existir um único conceito suficiente abrangente para a qualidade, pois ela é muito mais uma filosofia, uma conscientização fruto de seu senso de responsabilidade e do grau de importância que o mesmo dá ao centro das atenções para suas ações. Por exemplo, segundo o enfoque baseado no usuário, a definição que prevalece é qualidade como “adequações ao uso”. Por sua vez para o enfoque baseado no valor a qualidade define-se em termos de custos e preços, ou seja, um produto apresenta qualidade se oferecer melhor desempenho a um preço aceitável.
Sob o ponto de vista de Juran (1992. p. 11), qualidade tem dois significados principais:
1. Consiste nas características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes, proporcionando satisfação em relação ao produto;
2. Consiste na ausência de falhas.
Fechando tudo, qualidade é o grau em que o produto satisfaz as exigências do consumidor em termos de adequação ao uso, preços, prazo de entrega e atendimento ao cliente, ou seja, é “excelência nata”.
Nesse contexto, mostramos as metas do controle de qualidade a serem atingidos em cada etapa do processo construtivo, segundo Helene (1992, p. 34).
Controle de qualidade
Planejamento | atender as normas gerais de desempenho, código de obras, regulamentos |
Projeto | atender às normas específicas de desempenho, às normas e documentos prescritivos |
Materiais | produzir e receber de acordo com o especificado |
Execução | atender ao projeto e ao especificado |
Uso | assegurar a adequada utilização do produto. |
2. OS 14 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
Dr. Deming na sua obra: “Qualidade: a revolução da administração” apresenta 14 princípios descritos resumidamente a seguir, a servirem de orientação para os empresários que adotam um estilo de gerenciamento voltado para um inter-relacionamento de cooperação e respeito com os clientes e pessoal da sua empresa. São eles:
1. Estabeleça constância de propósitos para a melhora do produto e do serviço, com o objetivo de tornar-se competitivo e manter-se em atividades, bem como criar emprego.
2. Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica.
3. Deixe de depender de inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde o seu primeiro estágio.
4. Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Ao invés disso, minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade e na confiança.
5. Melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, conseqüentemente, reduzir de forma sistemática os custos.
6. Institua treinamento no local de trabalho.
7. Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor
8. Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de forma eficaz para a empresa.
9. Elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de utilização do produto ou serviço.
10. Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis de produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa produtividade encontram-se no sistema, estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores.
11. a. Elimine padrões de trabalho (quota) na linha de produção. Substitua-os por liderança.
b. Elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de administração por cifras, por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por processos através do exemplo de líderes.
12. a. Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números absolutos para a qualidade.
b. Remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu direito de orgulharem-se de seu desempenho.
13. Institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento.
14.Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação.
3. Sistemas de Qualidade –
3.1. A série de normas ISO 9000
Instrumentos para a qualidade
a. Times de Qualidade
Constituem-se equipes de trabalho, com a função de encontrar soluções para os problemas identificados na empresa e para o aperfeiçoamento dos níveis de qualidade e produtividade de uma determinada atividade ou processo. Também é função dos times de qualidade identificar as falhas que diminuem a qualidade e a produtividade de um determinado processo e depois propor ações corretivas, a fim de melhorar o desempenho e evitar erros.